sábado, 6 de julho de 2013

Encantamento no terceiro dia da FLIP




Política, prazer, modernidade, confissão e cinema, surpreendem o público na FLIP


 O terceiro dia da FLIP, em Paraty, iniciou com a conversa  “Graciliano Ramos: Ficha política”, com o pesquisador brasilianista  Randal Johnson, o sociólogo Sergio Miceli e o  Biógrafo Denis de Moraes, autor da obra “O velho graça”.  O evento que este ano tem como homenageado Graciliano Ramos, recebe atrações mundialmente conhecidas.  Entre as atrações para o dia estão  Lila Azam Zamganeh,  Francisco Bosco, Maria Bethânia, Miucha entre outros.
Professora de Filosofia de Havard e autora do Livro " O encantamento" Lila Azam Zamganeh vem à Flip com Português fluente.     Foto: Fábio Sousa

Franco Iraniana, à alguns meses a autora  aprendia o português, para conquistar o 7° idioma fluente,  veio a FLIP  para participar da mesa “ O prazer do texto” e lançar seu livro “O encantador”. Sabendo que nos em nossos dias o prazer do texto tem se perdido, devido a correria e o mundo cada vez mais veloz, Lila não deixou a desejar e surpreendeu a todos com um excelente português  durante toda conversa.  Receosa, Lila pediu desculpas por ainda ter o sotaque e cativou o público com sua simpatia e irreverência. Quando questionada sobre sua inspiração ao escrever seu livro, contou:
 - Eu observei que na França há muita falta de imaginação, muitos romances de autoficção, e nos Estados Unidos, onde vivo hoje, muitos romances de origem, de identidade. E a transgressão? Sentia falta da exploração de temas-tabu. Por isso procurei estudar a obra de um autor que me trouxesse encanto. E Nabokov escreve com êxtase, nele encontrei soluções de prazer e gozo pela irreverência.
"Lendo Pessoa a beira Mar" com Maria Betânea e Cleonice Berardinelli
Foto: Fábio Sousa


         “Lendo Pessoa a Beira Mar”, mesa 9 que iniciou com um certo atraso, por volta das 20h, com 2 mulheres exuberantes, lendo e interpretando os poemas do poeta português Fernando Pessoa.  Maria Betânea e a pesquisadora Cleonice Berardinelli, Dona Cleo como prefere ser chamada, trocaram risos, e expressaram a satisfação de falar sobre o poeta. A pesquisadora confessou que Fernando Pessoa de todos os heteronônimos  é o que ela mais gosta, por ele ser grande desde o início de sua primeira obra, ele aparece e aparece, sua poética se revela na astrologia, já à Betânea o poeta foi apresentado, através de seu  diretor de teatro e desde então suas poesias servem para todos os momentos e fases da cantora. Com mediação de Júlio Dinis, a mesa encantou o público e recebeu aplausos de toda a plateia.

- Essa é uma daquelas noites que quem viu, viu. E quem não vai morrer de inveja de não ter visto “, declarou Julio diante da mesa.
           “Uma vida no cinema” finalizou o terceiro dia da FLIP, com o Diretor de cinema Nelson Pereira dos Santos e a roteirista Miúcha, que dizem ler e reler Memórias do Cárcere, por se impressionar com a escrita de Graciliano Ramos.
            O diretor conta como faz para produzir seus filmes: “Meu método é evitar qualquer método!” Nelson Já trabalhou no Jornal Carioca e no Bornal do Brasil, certa vez, quando ainda estava no início de sua carreira, recebeu a oportunidade de viajar para gravar um filme. Viajou para Juazeiro, no Nordeste do país, e conheceu a figura do Flagelado, a gravação do filme seria na seca do Nordeste, mas ao chegar, por “sorte” caía uma chuva, em que a seca não pode ser mostrada. Mesmo passando 3 meses em Juazeiro, a chuva permaneceu. Acabou tendo que pensar rápido e gravar outro filme, que não teve muito sucesso.
A roteirista Miuxa, falando um pouco do grande amigo e companheiro de tantos trabalhos diz que Nelson luta pela ideia dele, e dá tanta liberdade, que acaba todo mundo querendo opinar no filme.

O diretor tem como dilema o trecho da canção “se alguém perguntar por mim diz q eu fui por aí, levando um violão debaixo do braço”, quando questionado o porquê, Nelson explica que  para o aluno que tem interesse em se tornar profissional de cinema, é bom não ser tão graduado, não é necessário fazer como se fosse estudar português ou matemática. Não tem nada para aprender desta forma, cinema sai de cada um, cada profissional, naturalmente.
O diretor conta que 4 anos depois da guerra, foi para França estudar cinema, mas o navio demorou desembarcar e ele acabou perdendo  a data de matricula. Confessa ter grande admiração pelo cinema Francês, pelo realismo francês, o cinema dedicado a realidade do país.
Também falou um pouco sobre o filme: “como era gostoso meu francês”, gravado na cidade de Paraty, que foi censurado, totalmente proibido, porque mostrava o “homem nu”. A censura permitiu que o filme fosse mostrado fora do país, foi de grande sucesso.
Após o sucesso no exterior, a censura liberou o filme no Brasil, com uma nova edição, agora com alguns cortes.
A tv comprou o filme e “acidentalmente”, comprou a edição sem cortes. O filme foi ao ar no horário das 20h, como a edição original sem cortes, “o homem nu” foi parar na tv, causando grande escândalo, conta o Diretor Nelson Pereira dos Santos, aos risos e dizendo não ter sido o culpado.
Aplausos, gritos e gargalhadas, deixou clara a satisfação do público, ao fim da conversa, e ao fim do terceiro dia da FLIP, que mesmo com as baixas temperaturas, tem se mantido fiel lotando as tendas até o ultimo horário da noite.
Por: Camille Rodrigues
Equipe Jornalistas Atentos
Rede FPG
Diretório acadêmico & Comissão de Eventos Jornalísticos


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