A mesa "Narrar a rua",levou a FLIP a versão das ruas de todo o
país, nestas ultimas semanas
Finalizando o segundo dia de evento da FLIP, a mesa “Narrar a Rua”, que teve início as 21h30min, reuniu o poeta Fabiano Calixto, o jornalista espanhol Juan Arias, o produtor cultural Pablo Capilé, o diretor Marcus Vinícius Faustini e a mediadora professora e jornalista Cristiane Costa, que debateram o efeito das manifestações no país, reflexões como quem participava e quem observava? Quem desceu a rua para filmar as manifestações com seu celular, e quem subiu em helicóptero para filmar, abriram a palestra.
A conversa prosseguiu
com relatos e interpretações das vozes que foram as ruas, nessas ultimas
semanas, período de manifestações. A
discussão mostrou como as notícias foram
abordadas, e a crise que jornalismo tem enfrentado hoje, por não conseguir compreender o que está
acontecendo.
Juan Arias, correspondente no Brasil do jornal espanhol “El País”,
há 14 anos, admitiu estar orgulhoso com as manifestações, pois na Europa e no mundo, o Brasil era visto
como protagonista, o país perfeito, sem pobres, com hospitais públicos
perfeitos, segundo Juan, dava vontade até de ficar doente, era essa visão lá
fora, diante disso afirma:
- A sociedade estava
morta. Então fico muito orgulhoso que o Brasil recobrou a voz, está fazendo perguntas
ao poder, e uma sociedade que pergunta está a salvo. O Brasil é a 6º maior
potência do mundo e porque não pode ter os melhores hospitais, os melhores
transportes públicos?
O correspondente internacional também comparou o que estamos
vivendo com uma obra escrita por Maquiável, “O Príncipe”, que ensina que “os
fins justificam os meios”, segundo Juan é necessário dar muita coisa nesses
movimentos, era o conselho que dava o príncipe.
- Se o movimento não estiver atento, vai perder. O poder vai
falar, vamos baixar as passagens, investir em escolas, etc. Se o movimento não
estiver atento vai cair. Você acha que o povo não ver? Claro que ver, o presidente do senado pega um avião
ilegalmente com parentes e amigos para ir a um casamento, e ao jogo no Maracanã.
Não estão falando a mesma língua o povo e o poder, esse é o perigo! O povo não agüenta mais!
Mostrando o peso do assunto, o debate prosseguiu com o
nascimento de um novo jornalismo. O jornalismo que hoje, está nas redes sociais,
que é necessário saber conciliar o midiático e o clássico.
O movimento das manifestações nasceu nas redes sociais, mas
ganhou força quando o jornalismo clássico pegou a informação e a transformou em
notícia. Milhões de pessoas se uniram para contestar e opinar. A voz do povo, da rua em união para mostrar
suas insatisfações, e seu cansaço.
Capilé, responsável
pela criação do N.I.N.J.A ( Narrativas Independentes, Jornalismos e Ação), um
coletivo que fez a cobertura das manifestações em várias cidades do país, acaba
de mandar um de seus correspondentes para o Egito. Disse estar na forma mais apropriada
de fazer jornalismo, por conseguir narrar as múltiplas vozes, como as de
acontecimentos como este, diante de tudo o que tem visto nas ruas, diz que para
o BOPE a credibilidade é 0, e a incapacidade é total, e as mídias não conseguem
mais fazer o jornalismo transparente, e
finaliza dizendo:
“ Estar em cima do muro, hoje não é opção!”
Agradando com as realidades expostas, a mesa ganhou o
público por abordar um assunto de identificação, onde deixou claro que o estado
não consegue dialogar com o povo. Como se não estivessem conectados. O momento
que estamos vivendo, é uma oportunidade única para reivindicar, a polícia está
despreparada para democracia, ações do BOPE um absurdo, suas declarações quase
um escândalo, o governo parece ainda não ter entendido o cansaço da população. O
movimento se tornou referencial em toda a América latina, uma insatisfação
geral do povo, “como se fosse uma falência múltipla dos órgãos.”
Foto: Fábio Sousa
Foto: Fábio Sousa
Diante de tanta insatisfação, Juan Arias declara: “O jornalismo internacional esta em crise profunda, por não estar entendendo que a crítica não é nem aos partidos e sim aos políticos.O jornalismo não está conseguindo entender a informação!”
E encerra a palestra dizendo que não é isso que a rua está pedindo,
as pessoas querem que políticos sejam políticos, deputados sejam deputados e
não corruptos. A indignação das pessoas, formou movimento por todo cansaço do
povo. O Brasil é um país de tamanha discriminação, a diferença de salários é um
exemplo. Segundo o Espanhol, uma professora precisa trabalhar 10 anos para
ganhar o que um deputado que estudou apenas o primário, ganha em 1 mês de
trabalho, e ainda possuí pelo menos 4 assessores e um motorista particular. “As
discriminações são imensas, pior que a corrupção é a impunidade!”
Por: Camille Rodrigues
Equipe Jornalistas Atentos
Rede FPG
Diretório acadêmico & Comissão de eventos Jornalísticos
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