sexta-feira, 5 de julho de 2013

O grito das manifestações na FLIP

A mesa "Narrar a rua",levou a FLIP a versão das ruas de todo o país, nestas ultimas semanas

                                Foto: Fábio Sousa
       
         Finalizando o segundo dia de evento da FLIP, a mesa “Narrar a Rua”, que teve início as 21h30min, reuniu o poeta Fabiano Calixto, o jornalista espanhol Juan Arias, o produtor cultural Pablo Capilé, o diretor Marcus Vinícius Faustini e a mediadora professora e jornalista Cristiane Costa, que debateram o efeito das manifestações no país, reflexões como quem participava e quem observava? Quem desceu a rua para filmar as manifestações com seu celular, e quem subiu em helicóptero para filmar, abriram a palestra.
        A conversa prosseguiu com relatos e interpretações das vozes que foram as ruas, nessas ultimas semanas, período de manifestações.  A discussão  mostrou como as notícias foram abordadas, e a  crise que jornalismo tem enfrentado hoje,  por não conseguir compreender o que está acontecendo.
Juan Arias, correspondente no Brasil do jornal espanhol “El País”, há 14 anos, admitiu estar orgulhoso com as manifestações,  pois na Europa e no mundo, o Brasil era visto como protagonista, o país perfeito, sem pobres, com hospitais públicos perfeitos, segundo Juan, dava vontade até de ficar doente, era essa visão lá fora, diante disso afirma:
-  A sociedade estava morta. Então fico muito orgulhoso que o Brasil recobrou a voz, está fazendo perguntas ao poder, e uma sociedade que pergunta está a salvo. O Brasil é a 6º maior potência do mundo e porque não pode ter os melhores hospitais, os melhores transportes públicos?
        O correspondente internacional também comparou o que estamos vivendo com uma obra escrita por Maquiável, “O Príncipe”, que ensina que “os fins justificam os meios”, segundo Juan é necessário dar muita coisa nesses movimentos, era o conselho que dava o príncipe.
- Se o movimento não estiver atento, vai perder. O poder vai falar, vamos baixar as passagens, investir em escolas, etc. Se o movimento não estiver atento vai cair. Você acha que o povo não ver? Claro que ver,  o presidente do senado pega um avião ilegalmente com parentes e amigos para ir a um casamento, e ao jogo no Maracanã. Não estão falando a mesma língua o povo e o poder, esse é o perigo!  O povo não agüenta mais!
        Mostrando o peso do assunto, o debate prosseguiu com o nascimento de um novo jornalismo. O jornalismo que hoje, está nas redes sociais, que é necessário saber conciliar o midiático e o clássico.  
O movimento das manifestações nasceu nas redes sociais, mas ganhou força quando o jornalismo clássico pegou a informação e a transformou em notícia. Milhões de pessoas se uniram para contestar e opinar.  A voz do povo, da rua em união para mostrar suas insatisfações, e seu cansaço.
        Capilé, responsável pela criação do N.I.N.J.A ( Narrativas Independentes, Jornalismos e Ação), um coletivo que fez a cobertura das manifestações em várias cidades do país, acaba de mandar um de seus correspondentes para o Egito. Disse estar na forma mais apropriada de fazer jornalismo, por conseguir narrar as múltiplas vozes, como as de acontecimentos como este, diante de tudo o que tem visto nas ruas, diz que para o BOPE a credibilidade é 0, e a incapacidade é total, e as mídias não conseguem mais fazer  o jornalismo transparente, e finaliza dizendo:
“ Estar em cima do muro, hoje não é opção!”
       Agradando com as realidades expostas, a mesa ganhou o público por abordar um assunto de identificação, onde deixou claro que o estado não consegue dialogar com o povo. Como se não estivessem conectados. O momento que estamos vivendo, é uma oportunidade única para reivindicar, a polícia está despreparada para democracia, ações do BOPE um absurdo, suas declarações quase um escândalo, o governo parece ainda não ter entendido o cansaço da população. O movimento se tornou referencial em toda a América latina, uma insatisfação geral do povo, “como se fosse uma falência múltipla dos órgãos.”
                                                                  Foto: Fábio Sousa
     
        Diante de tanta insatisfação, Juan Arias declara: “O jornalismo internacional esta em crise profunda, por não estar entendendo que a crítica não é nem aos partidos e sim aos políticos.O jornalismo não está conseguindo entender a informação!”
         E encerra a palestra dizendo que não é isso que a rua está pedindo, as pessoas querem que políticos sejam políticos, deputados sejam deputados e não corruptos. A indignação das pessoas, formou movimento por todo cansaço do povo. O Brasil é um país de tamanha discriminação, a diferença de salários é um exemplo. Segundo o Espanhol, uma professora precisa trabalhar 10 anos para ganhar o que um deputado que estudou apenas o primário, ganha em 1 mês de trabalho, e ainda possuí pelo menos 4 assessores e um motorista particular. “As discriminações são imensas, pior que a corrupção é a impunidade!”



Por:  Camille Rodrigues
Equipe Jornalistas Atentos
Rede FPG
Diretório acadêmico & Comissão de eventos Jornalísticos


 

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